Sonho o poema de arquitetura ideal cuja própria nata de cimento Encaixa palavra por palavra, tornei-me perito em extrair Faíscas das britas e leite das pedras. Acordo, e o poema todo se esfarrapa, fiapo por fiapo. Acordo, o prédio, pedra e cal, esvoaça Como um leve papel solto à mercê do vento E evola-se, cinza de um corpo esvaído de qualquer sentido Acordo, e o poema-miragem se desfaz Desconstruído como se nunca houvera sido. Acordo! Os olhos chumbados pelo mingau das almas E os ouvidos moucos, Assim é que saio dos sucessivos sonos: Vão-se os anéis de fumo de ópio e ficam-me os dedos estarrecidos. Metonímias, aliterações, metáforas, oxímoros sumidos no sorvedouro. Não deve adiantar grande coisa permanecer à espreita No topo fantasma da torre de vigia Nem a simulação de se afundar no sono, nem dormir deveras. Pois a questão-chave é: Sob que máscara retornará o recalcado Sob que máscara retornará sob que máscara