Silêncio Morreu um poeta no morro Num velho barraco sem forro Tem cheiro do choro no ar Mas choro que tem bandolim e viola Pois ele falou lá na escola Que o samba não pode parar Por isso meu povo no seu desalento Começa a cantar samba lento Que é jeito da gente rezar E dizer que a dor doeu Que o poeta adormeceu Como um pássaro cantor Quando vem no entardecer Acho que nem é morrer Silêncio Mais um cavaquinho vadio Ficou sem acordes, vazio Deixado num canto de um bar Mas dizem poeta que morre é semente De samba que vem de repente E nasce se a gente cantar E dizer que a dor doeu Que o poeta adormeceu Como um pássaro cantor Quando vem no entardecer Acho que nem é morrer