Intro: Cem anos qu viva não posso esquecer-me Daquele navio qu vi naufragar Na boca da barra tentando perder-me, E aquela janela virada pró mar. Sei lá quantas vezes matei o desejo E fui pelo mar fora, com a alma a sangrar; Levando na ideia os lábios que invejo E aquela janela virada pró mar. Marinheiro do mar alto olha as ondas, uma a uma Preparando-te um assalto entre montes de alva espuma Por mais que elas bailem numa louca orgia Não trazem desejos de me torturar Como aquela doida que eu deixei um dia Naquela janela virada pró mar... Se mais ainda houvesse, mais portos correra Lembrando-me em noites de meigo luar olhos gaiatos que trago à espera Naquela janela virada pró mar Mas quis o destino que o meu mastodonte Já velho e cansado, viesse encalhar Na boca da barra, e mesmo de fronte Daquela janela virada pró mar...