Uma bola de pano num charco Um sorriso traquina, um chuto Na ladeira a correr, um arco E o céu no olhar, de um puto Uma fisga que atira a esperança Um pardal de calções astuto E a força de ser criança Contra a força de um "chui" que é bruto Parecem bandos de pardais à solta Os putos, os putos São como índios, capitães da malta Os putos, os putos Mas quando a tarde cai Vai-se a revolta Sentam-se ao colo do pai É a ternura que volta E ouvem-no falar do homem novo São os putos deste povo A aprenderem a ser homens. As caricas brilhando na mão A vontade que salta ao eixo E um puto que diz que não Se a "porrada" vier não deixo Um berlinde abafado na escola Um pião na algibeira sem cor E um puto que pede esmola Porque a fome lhe abafa a dor