Por que cresceste, curuminha, assim depressa, e estabanada? Saíste maquilada, dentro do meu vestido. Se fosse permitido, eu revertia o tempo pra reviver a tempo de poder te ver as pernas bambas, curuminha, batendo com a moleira, te emporcalhando inteira e eu te negar meu colo. Recuperar as noites, curuminha, que atravessei em claro. Ignorar teu choro e só cuidar de mim. Deixar-te arder em febre, curuminha Cinquenta graus, tossir, bater o queixo Vestir-te com desleixo, tratar uma ama-seca Quebrar tua boneca, curuminha, raspar os teus cabelos... E ir te exibindo pelos Botequins Tornar azeite o leite do peito que mirraste. No chão que engatinhaste, salpicar mil cacos de vidro. Pelo cordão perdido te recolher pra sempre à escuridão do ventre, curuminha. De onde não deverias nunca ter saído.