Na cidade todo mundo fala A violência é uma roleta russa Não escolhe a vítima Em toda parte é igual Na hora errada, em qualquer lugar, O mundo é um quintal Sou artista, sou negro, sou pobre, sou pai, Sou patrão, operário, criança, Sou vítima da cidade partida Eu não vou ficar a esperar a minha vez Eu quero andar pelas ruas livre Tenho direito a justiça, liberdade, proteção Não quero mais, amor Viver exilado, sem consciência Meu coração é de paz Mas não aguenta mais violência Basta, minha palavra diz basta, Meu corpo inteiro diz não Não há lugar para mais violência Basta, quanto silêncio, esse frio O sangue mancha a encosta verde do Rio As cidades tratam de suas misérias Como quem trata uma praga Que não para de crescer Enquanto os ricos Não olharem para ela Será sempre uma panela Que a pressão faz explodir