Tá vendo aquele edifício, moço? Ajudei a levantar. Foi um tempo de aflição Era quatro condução duas pra ir duas pra voltar. Hoje, depois dele pronto oio pra cima e fico tonto. Mas me chega um cidadão E me diz desconfiado: "Tu taí admirado Ou tá querendo roubar" ? Meu Domingo tá perdido Vou pra casa entristecido, ) Dá vontade de beber. E pra aumentar o meu tédio Eu não posso olhar pro prédio Que eu ajudei a fazer. Tá vendo aquele colégio, moço? Eu também trabalhei lá Lá eu quase me arrebento, fiz a massa Pus cimento, ajudei a rebocar. Minha filha inocente, vem pra mim toda contente: " Pai vou me matricular " . Mas me chega um cidadão " Criança de pé no chão aqui não pode estudar ". Essas dor doeu mais forte porque eu deixei o Norte? Eu me pus ame dizer, lá a seca castigava mas o pouco que eu plantava Tinha direito a comer. Tá vendo aquela Igreja, moço? Onde o padre diz "amém" ? Pus o sino e o badalo, enchi minha mão de calo Lá eu trabalhei também. Lá sim valeu a pena: Tem quermesse tem novena, e o padre me deixa entrar... Foi lá que Cristo me disse "Rapaz deixe de tolice Não se deixe amedrontar. Fui eu quem criou a terra, enchi o rio fiz a serra, não deixei nada faltar. Hoje o homem criou asa e na maioria das casas Eu também não posso entrar". _______________________________________________________ Contribuição: João Otávio Pagotto([email protected])