Beleza só se tem quando se acende a lamparina Iluminando a alma se entende a própria sina E quando se vê o arame que amarra toda gente Pendendo das estacas sob um sol indiferente Beleza só depois de uma sangria desatada Aberta na ferida dos perigos do amor E quando se afasta a sombra triste do remorso Que faz olhar pra dentro para enfrentar a dor Repara este silêncio que se estende da janela Repassa o teu passado e como o lixo que ele encerra Vagar sem remissão é também parte da questão Juntar estas migalhas para refazer o pão Não é da natureza que ele surge confeitado Mas é desta tristeza, deste adubo de rancor Beleza é o temporal que suja e corta uma visão E esmaga qualquer sonho com um grito de pavor