Poetisa ouço o teu lamento, Sinto o teu ardor, Extravasando o tormento...Já quase sem jeito pra falar, Tu dizes da noite sem luar, Relatas os sonhos sem pomar, E a tua vontade de voar... Entendo, amor... A emoção se perdeu, O teu verso chorou, A chama se esvaiu... A vida é um poema incerto: Não deve buscar no deserto A inspiração que fugiu. Poetisa, Nos teus devaneios Leio a tua dor E a imagem dos teus anseios... Pressinto na tez do teu olhar, A taça de sonho singular, Que move o teu íntimo a bailar, E faz o teu corpo levitar... É isto, amor... A ilusão se rompeu, O teu estro pulsou E de azul se vestiu... A vida é um poema aberto: Pode ter o enlevo liberto Num verso fértil que surgiu...