Intro: Meu poncho "emponcha" lonjuras batendo água E as águas que eu trago nele eram pra mim Asas de noite em meus ombros sobrando casa Longe "das casa" ombreada a barro e capim Faz tempo que eu não "emalo" meu poncho inteiro Nem abro as asas de noite pra um sol de abril Faz muitos dias que eu venho bancando o tino Das quatro patas do zaino "pechando" o frio Troca um compasso de orelhas a cada pisada No mesmo tranco da várzea que se encharcou Topa nas abas "sombreras", que em outros ventos "Guentaram" as chuvas de agosto que Deus mandou (Intro) Meu zaino "garrou" da noite o céu escuro E tudo o que a noite escuta é seu clarim De patas batendo n'água depois da várzea Freio e rosetas de esporas no mesmo "trim" Falta distância de pago e sobra cavalo Na mesma ronda de campo que o céu deságua Que tem um rumo de rancho pras quatro patas Bota seu mundo na estrada batendo água Porque se a estrada me cobra, pago seu preço E desabrigo o caminho pra o meu sustento Mesmo que o mundo desabe num tempo feio Sei o que as asas do poncho trazem por dentro