Se os teus olhos faltaram um instante da vida, Se o coração vacilar, retardando a batida, Se o teu corpo cansado, curvar-se vencido, Na estrada comprida, Na batalha perdida. Tuas mãos, Só, tuas mãos, Gêmeas no riso e na dor, Manterão, sempre acesa a luz, Votiva do amor, Mãos que se juntam na prece, Num momento supremo, Quando no altar duas vidas se juntam também, Mãos que abençoam o filho Que parte talvez, para sempre, E depois vão tecer um casaco de lã, Para o neto que vem, Mãos que dão lenitivo, Aos que foram vencidos na vida, Mãos que nunca recusam, Num gesto o perdão, Mãos que arrancam das cordas, De um violino nervoso e agitado, A música divina, Que torna todos os homens irmãos. Mãos que após o silêncio que cai, Sobre a vida que cai, Juntam o silêncio àquelas que um dia também foram mãos. Também foram mãos, também foram mãos