Mano a Mano Carlos Gardel e Razzano S. Flore Versão de Giuseppe Guiaronni Com Albertinho Fortuna, Nélson Gonçalves... Naufragado na tristeza, Hoje vejo em desatino, Que tu fostes em meu destino, Uma mulher e nada mais. Tua exótica beleza, Trouxe calor ao meu ninho Me deste o teu carinho, Um amor doido, incontido, Que jamais tinha sentido, Ou sentirás jamais. Foi num tempo sem grandeza, Quando tu, pobre e modesta, Arrastavas na pobreza, Uma existência sem prazer. Hoje és toda uma bacana, Tua vida canta em festa, Com a bolsa dos otários, Hoje brincas a vontade, Como gato sem piedade, faz o rato padecer. Hoje tens os olhos cheios, De promessas enganosas, Das amigas mentirosas, Dos marchantes da ambição, Tens o samba misturado, Com as farras e o pecado, Que o afã de uma grandeza, Do prazer e da tristeza, Tudo muito enraizado, No teu pobre coração, Nada devo agradecer-te, Somos quite novamente, Não me importa o que fizestes, Quem te achou ou te perdeu, Os favores recebidos, Já paguei ao usurário, E se resta alguma conta, Que esqueceu minh'alma tonta, Põe na conta deste otário, Que escolhes-te, agora é teu! Peço a Deus que teus triunfos, Não triunfos passageiros, Sejam ases, sejam trunfos, O que mais te convier, O chefão que te sustente, Tenha montes de dinheiro, Que te envolva em ambientes, Galantes e lisonjeiros, E que os homens digam sempre, Que és uma boa mulher! E amanhã quando a mudança Te deixar velha e alquebrada, Morta a ultima esperança, No teu pobre coração, Se te faltar um auxílio, Lembra o nosso amor antigo, Podes chamar este amigo, Pra que volte do exílio, Pra ajudar e consolar-te, Quando chegue a ocasião !... Roberto Crescioni [email protected] Bauru, 29 de agosto de 2008