Águia Pequena Tu me fizeste uma das tuas criaturas com ânsia de amar, águia pequena que nasceu para as alturas com ânsia de voar. E eu percebi que as minhas penas já cresceram e que eu preciso abrir as asas e tentar. Se eu não tentar, não saberei como se voa. Não foi à toa que eu nasci para voar. Pequenas águias correm risco quando voam, mas devem arriscar. Só que é preciso olhar os pais como eles voam e aperfeiçoar. Haja mau tempo, haja correntes traiçoeiras, se já tem asas, seu destino é voar. Tem que sair e regressar ao mesmo ninho e outro dia, outra vez recomeçar. Tu me fizeste amar o risco das alturas com ânsia de chegar e, embora eu seja como as outras criaturas, não sei me rebaixar. Não vou brincar de não ter sonhos, se eu os tenho. Sou da montanha e na montanha eu vou ficar. Igual a meus pais, vou construir também meu ninho, mas não sou águia se lá em cima eu não morar. Tenho uma prece que eu repito suplicante, por mim, por meu irmão: Dá-me esta graça de viver a todo instante a minha vocação. Eu quero amar um outro alguém do jeito certo. Não vou trair meus ideais para ser feliz, não vou descer nem jogar fora meu projeto, vou ser quem sou e sendo assim serei feliz.