Lavou-se o sangue da calçada e a vida na cidade voltou ao normal Lojistas levantavam as portas motoristas furavam o sinal (Que bom!), festejava ao meu lado um passageiro orgulhoso por ser pontual Cochichavam duas moças, com um olhar assanhado algo sobre a aparência do policial A senhora que olhou sobre o muro tornou a cuidar do jardim no quintal Desconhecidos seguiam seus rumos Sem se despedirem ao menos com um tchau Na TV do boteco, os gols da rodada ao lado, num beco, discutia um casal Três ou quatro ninguéns confiantes conferiam os números da Federal Os peritos trocavam de turno sorrindo enquanto tiravam o avental Lavou-se a calçada E a vida voltou ao normal