Um pouquinho de cuidado com meu coração É o dom que você teima prescindir. Quando estou acostumado com a desilusão Você arma um jeito novo de ferir. E entre dezenas de cenas E entre mil gestos velados Não há nada, dó ou pena Eu já sou arrebentado. E lá vão os meus valores em veneno diluídos: Quero te ver bem no almoço, pra servir vidro moído no jantar. Um pouquinho de demência do meu coração É a paga que lhe tento oferecer. A ciência não me inventa uma salvação Só milagres me farão bem lhe querer E independe dos meus olhos ver-te mal entre seus cachos Eu confesso e já não coro, quero te mandar pro espaço. E eu falo sim da mágoa que pintaste sobre a tela É um ódio de novela: a vontade é de com vela te queimar.

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