Eu já sabia de menino que quem tema com o destino Perde o que precisa pra embalar Minha vó era benzedeira e numa sexta-feira Me chamou pra conversar Disse que a lua brilha mais bonita quando vem ver o mar Disse que a rua dura uma esquina pra quem caminhar Disse que o nó de toda angústia desata ao cantar E que o fel e amarga culpa é não saber amar Ainda guardo na memória qualquer canto de história Que eu ouvia ela contar Seus anéis de pedra verde e os retratos na parede Ai que saudade que me dá De ouvir sua voz embalando versos, rezas de cor Ditados sábios, que nos seus lábios tinham asas de amor Chamar três nomes antes do meu nome pra lembrar quem sou E toda saudade é uma janela que o tempo não fechou Eu já sei cantar sinhazinha também sei amar Eu já sei cantar sinhazinha também sei amar Eu já sei cantar sinhazinha também sei amar Eu já sei cantar sinhazinha também sei amar Enfeitei o meu caminho com um batuque de menino Com guitarra e pandeiro fiz um par Achei a minha rima quando a tal de Catarina Me lembrou que eu sou do mar Disse que a estrela brilha infinita quando quer dançar Disse que a rua vira uma avenida pra nosso boi passar E que as tramas de uma renda linda tem muito pra contar E que o céu também conhece a luta de quem é de cá Eu atrasei minha chegada porque lá numa quebrada Tentaram me atacar Mas eu sabia de menino que quem conta com o divino Arruma sempre um jeito pra chegar Hoje minha voz embala versos, que a tempo sei de cor E nos meus passos tem um pedaço que lembra a minha vó Sei que quem canta o mal espanta e desata nó E o que me alegra é que nessa busca eu não sigo só Eu já sei cantar sinhazinha também sei amar Eu já sei cantar sinhazinha também sei amar Eu já sei cantar sinhazinha também sei amar Eu já sei cantar sinhazinha também sei amar