Pelo asfalto quente Vão mansos e silentes Extenuados da lida Sem futuro pela frente Carregam carga e gente Pelas ruas e avenidas Aos olhos, nada de campo Somente lojas e bancos E o correr da multidão São bravos companheiros De humildes brasileiros Que lutam pelo pão Mas não pode ser assim Assistirmos, só por alto Passar a vida no asfalto Quem é da terra e do capim! Quem tem que ver não nota A angústia do animal Mas como ver, afinal Se cavalo não vota? Levam frutos da pobreza Párias da incerteza Herdeiros de uma sina Vão, nesse mundo bizarro Se embretando entre os carros Ao som de loucas buzinas Do descaso e da omissão Miséria e aflição Junto ao cenário urbano Cavalo, carroça e gente Trio de sobreviventes Do nosso cotidiano