Sou um privilegiado nasci em berço de couro em nada, nada eu invejo quem nasce em berço de ouro Essa minha liberdade é o meu maior tesouro Eu canto simplicidade e passarada faz coro Perdoar é o que prego e pra dominar meu ego Se for preciso carrego pra casa algum desaforo Quem nasce em berço de ouro raramente pode ver O sol brotar radiante logo após o amanhecer E o canto da passarada não lhe traz nenhum prazer Por ter a mente embotada pela sede de poder Não vê que na natureza está a maior riqueza Sem ostentar realeza a gente é rei sem saber Já tenho até meu castelo, um rancho no fim da linha Feito só de barro e palha onde eu sento de tardinha No baldrame do palácio pra assuntar as andorinhas A saracura três pote, as araras e as rolinhas Nesse chão abençoado sou um rei considerado Pra completar meu reinado só me falta uma rainha Meu trono é um cupim chato no alto de um outeiro Embaixo de um pau-d'óleo que dá sombra o ano inteiro Cercado de passarinhos os meus fiéis companheiros Dali envio mensagem de caipira verdadeiro A viola me auxilia e através da poesia Consolido a monarquia de Dom Zé Ninguém Primeiro.