Eu canto para ti o mês das giestas O mês de morte e crescimento ó meu amigo Como um cristal parindo-se plangente No fundo da memória perturbada Eu canto para ti o mês onde começa a mágoa E um coração poisado sobre a tua ausência Eu canto um mês com lágrimas e sol o grave mês que os mortos amados batem à porta do poema Porque tu me disseste quem em dera em Lisboa Quem me dera me Maio depois morreste Com Lisboa tão longe ó meu irmão tão breve Que nunca mais acenderás no meu o teu cigarro Eu canto para ti Lisboa à tua espera Teu nome escrito com ternura sobre as águas E o teu retrato em cada rua onde não passas Trazendo no sorriso a flor do mês de Maio Porque tu me disseste quem em dera em Maio Porque te vi morrer eu canto para ti Lisboa e o sol, Lisboa com lágrimas Lisboa à tua espera ó meu irmão tão breve Eu canto para ti Lisboa à tua espera... : 021202