Intro Fui buscar um boi de carro Que estava na prisão Pra levar pra matadouro A pedido do patrão Quando eu joguei o laço O animal pra mim olhou O que ele me falou Foi de cortar o coração Me disse assim portador Destino triste é o meu Eu não sei por qual motivo O meu patrão me vendeu Ajudei a tanta gente Fui escravo do roçado Depois de velho e cansado Ninguém me agradeceu Ao lado do boi vapor O meu primeiro parceiro Só puxava o carro cheiro Obedecendo ao carreiro Na passagem do riacho Me ajoelhava no barro Ou desatolava o carro Ou quebrava o tanoeiro Quem trabalhava comigo Batia por desaforo Cortava meu corpo inteiro Com um chicote de couro Ao invés de me libertar Para morrer no cercado Meu sangue vai ser jorrado Nas táboas do matadouro Um boi de carro chorava No curral do matadouro Seu olhar denunciava a Tristeza do seu choro Eu sai a passos lentos Consegui cortar o laço, antes Que a faca de aço cortasse seu "cabelo" Fui logo abrindo a porteira Para o boi fazer partida Esperei ele correr A procura da bebida Ao invés dele correr Me cheira e me lambia Como quem me agradecia Por ter lhe salvado a vida Estou fazendo um apelo Para os donos de currais Que não deixe seus carreiros Maltratar seus animais Solte o boi velho pro pasto Tire a canga do pescoço Peso só da certo em moço E boi velho não pode mais Eu mesmo já fui carreiro Nas estradas do sertão Mas pendurei meu chicote E minha vara de ferrão E pergunto a todo mundo Porque a justiça é lenta Todo velho se aposenta E por que boi de carro não