Intro: Dizes que não és racista Senhora Lisboa Vou dar-te só uma pista E olha que não falo à toa Lembras-te do quanto Chutaste para canto Quem filho do Império fora? Bastardos serão, portanto Do Jamaica à Cova da Moura Lisboa, não sejas racista De visão simplista Só te fica mal Lisboa, a Joacine diz-te O racismo persiste Porque é estrutural Lisboa, mas sempre na berra O «vai prá tua terra» Ouves-te a falar? Lisboa, não sejas racista Um psicanalista Podia ajudar Revisita a tua história Senhora Lisboa Aprende a quem deves memória Os caídos da tua coroa Mas ouvi dizer Que agora queres fazer Um museu da lusa aventura Chega de enaltecer Um império assente em escravatura Lisboa, não sejas racista Colonialista De civismo à Brás Lisboa, destino traçado Na escola colado À mesa de trás Lisboa, limpa por mulheres Às quais não conferes Direito a sonhar Lisboa, não sejas racista É tão quinhentista Vê se mudas de ar Lembra sempre o bom Alcindo Lisboa, na praça Tempos maus vejo aí vindo Pela corja do dia da raça Que agora ri No sofá da TVI A falar bem do Salazar São opiniões, é só um nazi Não vês mal em normalizar Lisboa, não sejas racista Sorriso trocista Às queixas que há Lisboa, celebra a Beatriz O que a mulher negra diz E o Mamadou Ba Lisboa, com ecos de PIDE A vir de Alfragide Segurança pra quem? Lisboa, não sejas racista Cassetete fascista É bosta e bem Lisboa, não sejas racista Não é só pra turista Vir e ocupar Lisboa, não sejas racista Velha cavaquista Não queiras voltar Lisboa, não sejas racista E crê que esta lista Não vai amansar Lisboa, não vives não falas Tira-me essas palas E aprende a escutar