Na primeira página do jornal, estampado estava o meu retrato. Com um cabeçalho garrafal, anunciando aquele triste fato. Aconteceu no meio da semana, num desses dias quentes de verão. Eu me portei como uma besta humana, cegado pela dor da traição. Eu vou contar os fatos com detalhes, mesmo com os olhos rasos d'água. Espero que a memória não me falhe, ainda perturbada pela mágoa. Saí de manhãzinha pro trabalho, melhor seria se eu não tivesse ido. Eu tinha que mostrar o quanto valho, mas o meu chefe disse.Despedido. Voltei para o meu lar desiludido, pensando no que falo pro meu bem. Eu sei que nem tudo está perdido, e não precisaremos de ninguem. A porta encostada eu fui entrando, me dirigi pro quarto de mansinho. Ouvi um som de gente murmurando, na cama ela estava com o vizinho. Bang..bang..bang..bang..bang.. Bang..bang..bang..bang..bang..