Intro: Eu ouvi pelo rádio, o anúncio de um baile, na Estrada do Povo E encilhei de novo meu pingo franjudo, que eu tinha soltado Me esqueci o compromisso, firmei a espora, num trote chasqueiro Que um pingo estradeiro, conhece o caminho, e onde mora o pecado Eu atei o meu mouro, na porta da sala, bem junto a ramada Inda de cola atada, de cincha bem frouxa e os pelego virado Já ouvi de longe o Maneco na gaita, um violão e um pandeiro E pra entrar no entreveiro, eu disse ao porteiro que vinha apressado Foi então que o Maneco abriu bem a gaita, e eu abanei o pala E ele anunciou pra sala que o cantor do baile, chegou atrasado Eu me fui lá pro palco, ajeitando a melena e o chapéu com poeira E na mesma vaneira, eu abri bem o peito, nuns verso rimado Fui cantando o Gildo, o Walther Morais, o Marenco e os Monarca E floreando outras marcas, que a gaita pedia, um pandeiro surrado Ajeitei minha estampa de índio campeiro, de pala no braço E estendi um vistaço, cuidando a morena na mesa do lado Não é fácil paisano, seis horas de baile, na fanta com canha Pra um peão de campanha, que lida com potro e banho de gado Pra ajudar no salário, nos fim de semana se paga de artista E a segunda tá vista, é ressaca, e os cavalo de lombo inchado Mal deu fim no fandango, amuntei no meu mouro, ali na ramada Dei de rédea na estrada, e o dia clareando, com um sol desbotado Esse pingo que eu falo, conhece na volta uns atalho bem lindo E eu fui quase dormindo, lembrando a morena, do baile passado - Não é fácil, na volta os olhos vem pequenininho E o coração deste tamanho