Só um gesto Abre um sulco no frio Rasga o fundo Toca no abismo e no vazio A luz da lua Voa sem deixar nunca De sentir o chão E desfaz a sombra Que esconde o que resta De algum sonho vão Tantos dias Que pouco podem mudar Quando os muros Não deixam ver onde nasce o mar A luz do mundo Vem de dentro de quem se perde Alguma vez A luz da noite Vem do fundo do olhar De quem não a quer prender Só tu sabes o que ainda te seduz Só tu sentes o que poderá ser Que te rasga, que te acende E desata o nó Para te deixar correr Para te deixar correr Para te deixar correr Para te deixar correr Os mundos Que se escondem em ti Vagabundos Que tu não deixas nunca partir Sair do labirinto Escapar às emboscadas da razão Sentir bater o vento E andar na corda bamba da solidão