A dor atinge O peito do poeta Mas ele finge Que nada sente E até se delicia Mas ele mente A dor é tanta No seu limiar Mas ele canta É de partir O coração Mas ele ri A dor é fria Se não se transforma Em poesia Sofreguidão Se não compõe os versos De uma canção A dor invade E o poeta diz Que saudade É solidão E ele dá outro nome Inspiração A dor é fina O aço de um punhal Não há morfina Que traga alívio Em sua permanência Em seu convívio A dor é tal Mas o poeta faz Um carnaval Deixa doer Até o fim Ao bel prazer A dor insana Vai forjando as cenas De um drama E sobre o tema Ergue a estrutura Do seu poema A dor destrói Mas o poeta em si É um herói Diz que é feliz E a plateia aplaude E pede bis