Intro: ( ) Das muitas coisas, do meu tempo de criança, guardo vivo na lembrança, o aconchego de meu lar, no fim da tarde, quando tudo se aquietava, a família se ajuntava, lá no alpendre a conversar, meus pais não tinham, nem escola, nem dinheiro, todo o dia, o ano inteiro, trabalhavam sem parar, faltava tudo, mas a gente nem ligava, o importante não faltava, seu sorriso, e seu olhar Solo: ( ) Eu tantas vezes, vi meu pai chegar cansado, mas aquilo era sagrado, um por um ele afagava, e perguntava, quem fizera estrepolia, e mamãe nos defendia, tudo aos poucos se ajeitava, o sol se punha, a viola alguém trazia, todo mundo então pedia, pro papai cantar com a gente, desafinado, meio rouco e voz cansada, ele cantava mil toadas, seu olhar ao sol poente Solo: ( ) Passou o tempo, hoje eu vejo a maravilha, de se ter uma família, quando tantos não a tem, agora falam, do desquite e do divórcio, o amor virou consórcio, compromisso de ninguém, e há tantos filhos, que bem mais do que um palácio, gostariam de um abraço, e do carinho entre seus pais, se os pais amassem, o divórcio não viria, chamam a isso de utopia, eu a isso chamo paz Solo: ( )