Naquela tapera véia que o tempo já distroçô morô Zé Dunga um pretinho valente, trabaiadô, foi o maió violero que Deus no mundo botô sua viola parecia um passarinho cantadô. Trabaiava o dia intero feliz sem se lastimá mas quando a lua formosa no céu pegava a briiá toda gente arrudiava pra ver o preto cantá sua viola de pinho fazia as pedra chorá. Acontece que a Carolina, cabocla esprito de cão, bonita como a sereia mais que muié tentação pra judiá do pretinho fingiu lhe ter afeição querendo que nem criança brincá com seu coração. Coração de violero não é como outro quarqué é frágil que nem as pétlas de um mimoso mal-me-quer que cai com o vento das asas do beija-flô do Tié perde a vida quando a abeia vem pra lhe roubar o mé. Por isso o pobre Zé Dunga magoado pela traição não podendo mais güentá no peito a grande paixão agarrado na viola e debruçado no chão foi encontrado com um punhá cravado no coração. Cifrada por Roberto Crescioni [email protected] Bauru, 28 de janeiro de 2006