Não posso te comprar. não tens um preço Que um mísero mortal talvez pagasse , se entre névoas vejo a tua face Eu sei que é dom, eu sei que não mereço Não és um ídolo de ouro ou gesso Que a mão dos escultores conformasse E aos pés de quem eu deposite um asse Para mudar a vida pelo avesso Deus terrível, distante, transcendente Eu ouso me adiantar à tua frente Como uma folha que balan- ça e cai Quem sabe, um dia, a graça se derrame E a tua voz na escuridão me chame Pra dizer que sou fi- lho e tu és meu pai