Acho que chegou a hora de te deixar ir embora Se a distância é o que tens para me dar Do meu lado do oceano ando preso a este engano De te querer mas não te ter para tocar Qualquer coisa deste inverno, tão ausente e mais estranho Dobro o frio de amanhecer em tempo vou Não sei bem se isto é credível ou se o sítio impossível É aquilo que me prende à tua mão E se penso no teu cheiro a escorrer pelo meu peito Como paz que se descobre como porta que se abre Pr'a alegria que desata a um sítio que está certo Que nos faz sentir em casa Sei que não sabes se sentes, mas pressinto que me mentes Quando dizes que é finito o nosso céu Porque quando me aproximo, sempre tensa no destino O teu corpo escorrega para o meu Qualquer coisa se desmancha, e essa frieza de gueixa Dá-se à lua como rio a desaguar Há um gesto que se estende, num abraço e de repente Queremos tudo o que queríamos largar E se por momentos lembro Ternura e o segredo do teu jeito de morar Tão sereno quanto ousado, nem a dúvida nos trava É um sitio que está certo e que nos faz sentir em casa (Aquilo que sente como quem se rende A luta, a calma, no caminho em frente) Não te engano nem te esgrimo Não te invento um caminho Não te julgo, não te peço o que não és Quis o sul dos teus cabelos e o teu sotaque nos dedos Quis o riso desprendido entre as marés Quis a brisa vespertina e o teu olhar de menina Mas não quero se te vejo e não me vês ( ) ( ) ( ) ( ) E se um dia deres à proa do teu barco por Lisboa Pode ser que nos cruzemos devagar E se um dia deres à proa do teu barco por Lisboa Pode ser que te convide para jantar E se um dia pelo tejo for real tudo o que vejo Dou-te o braço e vamos juntos viajar