Sobe a poeira descendo a ladeira Morena que volta da lida sofrida pro lar Canta a cigarra, canta a cigarra Fumaça levanta com a paz no olhar Boca seca garganta um lagarto se atenta ao me ver passar Por que sou da terra Porque sou da terra Porque sou da terra do sol e do mar Coruja que canta com mel na garganta Carrega nas veias o dom de saber se esconder Na madrugada, na madrugada A flor que se cansa, que cheiro não dá E se queixa da nuvem que não quer chorar Vivendo feliz e me assombra Só por que sou da terra Porque sou da terra Porque sou da terra das estrelas e luar Sou das palavras, também de Cortázar No bolso um cigarro, com o punho desnudo à escrever Bula dos seres, bula dos seres De olhos bem grandes pensando "os meus dentes me mordem" Nos dedos o verde de tanto Viver o cantar A natureza do ser ser A natureza do ser ser A natureza do ser ser A natureza do ser ser Por que sou da terra Porque sou da terra Porque sou da terra do povo que espera o carnaval