Comprei um burro picaço, de três anos mais ou menos Na hora de dar o recibo, o tropeiro foi dizendo Cuidado com este macho, que o bicho tem fama de ser perigoso Por ter matado um peão, o nome do burro fico criminoso Joguei o lombilho no burro, o macho se estremeceu Apertei a barrigueira, o meu burrão se encolheu Sentei em riba do couro, o povo de perto de medo correu Mas falo que, minha gente, pagão que me aguente ainda não nasceu Tosei a crina do burro, no sistema meia lua Pra cortar uma légua e meia, meu criminoso nem sua Pra varar uma tranqueira, passar uma porteira por riba ele avua Sai fogo pra todo lado, no passo picado da perna da rua Eu já vi burro ligeiro, mas igual este ainda não Enjeitei cinco pacotes, do filho do meu patrão Gosto muito de dinheiro, cinco mil cruzeiros não leva o machão Pra falar mesmo a verdade, não existe riqueza que compra o burrão