Ser poeta é ser mais alto, é ser maior Do que os homens, morder como quem beija, É ser mendigo e dar como quem seja Rei do reino de aquém e de além-dor. É ter de mil desejos o esplendor, E não saber sequer que se deseja. É ter cá dentro um astro que flameja, É ter garras e asas de condor. É ter fome, é ter sede de infinito, Por elmo as manhãs de ouro e de cetim, É condensar o mundo num só grito. E é amar-te assim, perdidamente, E é seres alma e sangue e vida em mim E dizê-lo cantando a toda a gente. J. Chaves Rosa [email protected]