Quando o fado era cantado pelas tabernas de Alfama ninguém diria que o fado viesse a ter boa fama. Era a canção da bebedeira e do calão, da rufiagem, capelão e dos fadistas de samarra e mal diria a Madragoa e a Mouraria quem em Lisboa inda haveria assim tal gosto pela guitarra. Adeus tardes de toiradas com guitarras e cantigas adeus noites bem passadas com bom vinho e raparigas. Hoje os fadistas são tratados por artistas e aclamados nas revistas com ovações delirantes. Vestem do bom e por ser chique e ser do tom já vão à tarde ao Odeon se as matinés são elegantes. Hoje o fado já não tem a rufiagem por tema. Poliu-se, já é alguém e até já vai ao cinema. O fado agora é pedido a toda a hora e ouvido p’lo mundo fora com alegria e agrado e há-de chegar | a Hollywood e ter lugar, | pois não se ilude quem pensar | (2x) que há-de ser grande o nosso fado. | J. CHAVES ROSA [email protected]